quarta-feira, 19 de março de 2008

Carta de apresentação

Queridos, sejam bem-vindos ao blog Stairway to Revolution!

Como muitos sabem, sempre gostei bastante de escrever, e ter um blog é um desejo antigo. Porém, alguns fatores impediram que esse sonho se tornasse realidade. No começo, falta de conhecimentos sobre este mundo virtual. Depois, falta de tempo para “fuçar” e aprender a nele me virar.

Em outubro do ano passado, consegui, enfim, fazer um cadastro no Blogger. Entretanto, eu não havia, até o mês passado, mexido neste meu diário virtual.

A proximidade do meu aniversário acabou me entusiasmando e, então, me comprometi a aprontar o blog para poder lançá-lo oficialmente no dia 20 de março.

Para tanto, fiz ao todo 8 postagens (9 com esta), respeitando a ordem cronológica. A primeira é uma redação de dois anos atrás em que eu mesmo me descrevo ("Max por ele mesmo"). As 6 seguintes são matérias e artigos publicados em 2007 pelo portal de imprensa alternativa Correio da Cidadania, para o qual eu colaboro. A última, inédita, é uma reflexão sobre o Ano Novo ("Desabafos de Ano Novo").

Espero que gostem. Não é preciso ler tudo, é claro, mas peço que comentem aquilo que por acaso vierem a ler. Assim, vocês vão fazer deste indivíduo uma pessoa mais feliz.

Grande abraço e boa leitura!

terça-feira, 18 de março de 2008

Desabafos de Ano Novo

O texto a seguir é o primeiro inédito postado neste blog. Foi escrito após eu voltar pra Sampa, no dia 3 de janeiro de 2008, depois de passar a “virada” no Guarujá. As idéias nele expressadas começaram a surgir em minha cabeça ainda na rodoviária, antes mesmo de eu embarcar rumo ao litoral. Tentei resistir, mas, como vocês podem perceber, foi em vão.

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Será 2008 um ano novo de verdade?

Mais um fim de ano. Para mim, já são 19. Dizem que agora tudo será melhor. Não acredito, tudo continua angustiantemente igual, ao passo que desalentadoramente diferente. Terminais rodoviários cheios e mentes vazias. Como se o enorme barulho causado por conversa, criança ou pandeiro fosse capaz de nos preencher, de sufocar o silêncio constrangedor que insiste em nos lembrar, e sempre de modo inconveniente, de nossa impotência, nossos medos, nossos segredos, nossa imperfeição.

Celulares, milhões deles. Cada pessoa com o seu, e todos melhores que o meu. Graças a Deus. Os aparelhos são trocados constantemente, assim como os amigos, os amores, o caráter. Viva a Era do Consumo Desenfreado. A moda passou a ser os celulares que tocam músicas em volume alto, para todos ouvirem – e quanto pior a música mais alto parece ser o som. Onde foram parar os benditos fones de ouvido? As pessoas parecem não mais existir para si próprias, parecemos todos pobres coitados sacrificando-se para chamar a atenção dos demais. Todos. Capazes do mais deprimente e desesperado uivo em busca de olhares de admiração (mas agradecendo do mais profundo de nosso ser qualquer reação que ultrapasse o simples e famigerado “pouco caso”). E como me incomoda ser obrigado a compartilhar dos barulhos dos outros. Não suporto nem os meus próprios. Apareço, logo existo. Por quê?

Chegamos ao litoral sem notar o trabalho do motorista de ônibus, do vendedor de passagens, da atendente de lanchonete. Mas chegamos aonde queremos alegres e felizes, e por causa deles. Eles não chegam aonde querem, não passam a virada do Ano Novo com as pessoas que amam. Nossa culpa?

Chega a hora. A mais esperada e curiosa de todas. À caminho da praia, mãos carregam garrafas cheias de champanhe. As mesmas mãos humanas, um pouco mais marcadas pelo trabalho forçado de uma vida precária, é verdade, carregam sacos cheios. Sacos cheios de latas vazias. E cheios de sofrimento também. E acredito que muito mais cheios de dignidade e esperança que nossas garrafas de champanhe. (Digo “nossas” pois também carrego uma, e não sei dizer se sinto mais prazer ou culpa por isso.)

Sorrisos brancos, porém falsos, narizes empinados e a atenção voltada para o céu. Sempre assim, todos de olho no Céu, enquanto a miséria ao redor é ignorada, enquanto pessoas são pisadas aqui nesta Terra. Shows pirotécnicos iluminam o céu do presente. E nublam o céu do futuro. Mas para que se preocupar? É Ano Novo e, em 2008, tudo será diferente. A preocupação com o meio ambiente só cai bem nas horas vagas, deixemos nossa responsabilidade ambiental guardada junto aos moletons e casacos de lã. Afinal, não sejamos radicais. Saibamos buscar o equilíbrio e a tolerância. É preciso aceitar um pouquinho de corrupção e hipocrisia às vezes. Tudo faz bem na medida certa, apenas o que é demais faz mal. A sinceridade então nem se fala, não é? Como me custa aprender essa lição... receio ainda ter que percorrer um longo caminho até compreendê-la.

Os fogos estouram e eu, máquina com defeito, compreendo meus semelhantes cada vez menos, o que me traz a dúvida perigosa de que talvez não sejamos tão semelhantes assim. Penso em como as futuras gerações vão nos ver como imbecis. Assim como nós rimos dos mais curiosos rituais – os que destoam do nosso pretenso mundo civilizado –, eles vão gargalhar de nós, e de nossos ritos inexplicáveis. Pelo bem deles, espero que pensem assim, e que riam até doer a barriga. E que barrigas absolutamente só doam por causa disso. Que sirvamos ao menos de exemplo do que não se deve fazer.

Enquanto isso, bebo o meu champanhe pela boca e pelo nariz. Bebo tudo para esconder esse símbolo de que pertenço ao lado nobre da festa. Acabo com a garrafa que me separa dos meus iguais. Assim, consigo esquecer toda a chatice que eu mesmo escrevi acima. Abraço a todos. Desejo feliz Ano Novo até a quem não conheço. A quem gosto e a quem não gosto. E a quem não gosto nem desgosto. E, a cada gole de álcool, pareço mais perto das pessoas ao meu redor. E muito, muito mais longe do que Deus e eu esperamos dessa espécie, que surpreendentemente sobrevive mesmo perseguindo com todas as suas forças a extinção.

A criatividade como forma de luta contra o preconceito

O feriadão do Dia da Consciência Negra amanheceu ensolarado, e eu pretendia participar da atividade promovida pela Educafro (Educação e Cidadania para Afrodescendentes e Carentes) na região central da cidade. Não sabia direito o que iria acontecer, mas queria ir de todo o jeito.

Contudo, acabei acordando mais tarde do que deveria e perdi a missa que deu início à programação da entidade para o Dia de Zumbi. Mas, graças aos orixás, cheguei a tempo de presenciar uma das maiores demonstrações de criatividade que presenciei nos últimos tempos. (E vale deixar registrado que eu não tinha a intenção de escrever quando saí de casa. Aliás, eu não tinha sequer levado papel ou caneta para isso. Mas para tudo nesta vida dá-se um jeito... )

Aproveito a oportunidade para agradecer à Vivian, minha amiga (que eu considero irmã) e responsável por eu conhecer a Educafro, que, nesse feriado, esteve ao meu lado durante todo o tempo. Agradeço também ao Douglas – companheiro que coordena o movimento –, mentor da idéia fantástica, que reportei no texto abaixo.

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ONG incentiva doação de sangue para celebrar o Dia da Consciência Negra

Militantes da ONG Educafro inovaram no modo de celebrar a data destinada à comunidade afrodescendente. Por volta das 9h, os integrantes da organização se concentraram no Largo São Francisco, após a realização de uma missa na paróquia ali localizada. Eles tinham um objetivo um tanto quanto inusitado: doar sangue.

Esse ato simbólico, segundo Douglas Belchior, um dos coordenadores do movimento, teve como objetivo mostrar a disposição do povo negro em doar seu sangue, que durante os muitos anos de escravidão teria sido arrancado à força, mas que agora seria oferecido de maneira espontânea e solidária àqueles que dele necessitam. Afinal, para a Educafro, a data não existe apenas para festa, mas sobretudo para reflexão, exercício de cidadania e reivindicação. E a pauta levada por eles é grande, inclui mais verbas para educação, cotas para negros, aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e aplicação efetiva da lei 10 639, que institui a obrigatoriedade da disciplina História e Cultura Afro-brasileira no currículo oficial dos estabelecimentos de Ensino Médio e Fundamental do país.

A caminhada saiu do Largo São Francisco em direção à Avenida Paulista, onde aconteceria a IV Marcha da Consciência Negra, da qual participam diversas entidades e movimentos sociais. A pausa para a doação aconteceu aproximadamente ao meio-dia, no Hospital Beneficência Portuguesa, na região central. Mesmo debaixo de sol forte, boa parte das mais de 5 mil pessoas presentes quiseram doar sangue, o que só foi permitido a 223, devido à pequena estrutura da unidade receptora.

De acordo com os responsáveis pela atividade, o hemocentro utilizado foi o único da região que se dispôs a receber os doadores no feriado e a iniciativa permitirá que aqueles que não puderam realizar a doação na ocasião se animem a fazê-lo em outra oportunidade, dirigindo-se em pequenos grupos a hospitais de suas próprias regiões.

Não houve incidentes nem tumultos. Ao contrário, os freis ligados à Educafro e os policiais militares responsáveis pela segurança trocaram elogios em relação ao comportamento de ambos os grupos durante a atividade.

Este texto foi publicado originalmente no
Correio da Cidadania, em 21 de novembro de 2007. Disponível em:

Ocupe a reitoria que há dentro de você!

O texto abaixo é o único do blog escrito a quatro mãos. Quem me ajudou nessa empreitada foi a Amiga (com “a” maiúsculo mesmo) Marina Costa. Ela está no terceiro ano de Psicologia na PUC-SP e, portanto, era a pessoa ideal para dividir comigo esta tarefa: retratar e buscar entender o que realmente estava acontecendo por ali.

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Ocupação da reitoria da PUC-SP: excomungando a mercantilização da educação

Dando prosseguimento à luta dos estudantes contra a mercantilização do ensino superior no Brasil, os alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) ocuparam, no dia 5 de novembro, a reitoria da universidade contra as três propostas apresentadas para o chamado “redesenho institucional”, elaboradas pela reitoria, pela Faculdade de Economia e Administração (FEA) e pela Faculdade de Educação, sendo o projeto da reitoria o mais discutido e o que mais revoltou os estudantes, apesar de, para muitos, não haver diferenças significativas entre as propostas, pois, apenas com distinções pontuais, todas seriam pacotes de medidas que buscam enquadrar a entidade nas regras do mercado, relegando a qualidade do ensino, a autonomia da instituição e a sua função social a um segundo plano.

A onda de ocupações de reitoria teve início no dia 3 de maio deste ano, com a ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) contra os decretos do governador José Serra, que feriam a autonomia universitária, entre outras coisas. A partir daí, elas se estenderam por todo o país, chegando à Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), entre outras. Avanços foram conquistados e parte das pautas atendidas, apesar da campanha da grande mídia para marginalizar os manifestantes e acusar uma suposta falta de legitimidade das ocupações como meio reivindicatório.

Contrariando essa retórica vazia da mídia burguesa, os alunos da PUC-SP lançaram mão desse mesmo mecanismo para adiar a votação do tal redesenho, agendada para o dia 12 de dezembro, por determinação do Ministério Público, que exige uma reestruturação, e o prazo para tal já foi excedido em praticamente um ano. Entre outras conseqüências, a proposta de reestruturação apresentada pela reitoria provoca demissões de professores e funcionários e o sucateamento dos cursos que não se venderem ao patrocínio do mercado e à lógica do capital, com destaque aos cursos da área de humanas, principalmente àqueles voltados à licenciatura.

Inacessível ao diálogo desde o começo das discussões, a reitoria pediu a reintegração de posse junto à Justiça e, na madrugada do dia 10 de novembro, autorizou a invasão da reitoria por parte da tropa de choque da Polícia Militar. Isso não acontecia há 30 anos, e provocou total desaprovação por parte de professores e alunos, uma vez que, tratando-se de alunos desarmados e da atual situação política vivida – que supõe algo de democrático – não havia a menor necessidade desse tipo de violação: corpos totalmente estranhos ao ambiente acadêmico que utilizam a violência como meio de persuasão.

Por outro lado, não se pode ignorar o fato de existirem, em meio aos muitos estudantes preocupados com a necessidade de se conscientizar a comunidade universitária e de lutar pela tradição acadêmica e social da instituição, aqueles que se aproveitam dos momentos de tensão para “brincar” de revolução. Essa pequena parcela do que se poderia chamar de “rebeldes sem causa” acabam por gerar confusão sobre os objetivos da mobilização e dão munição à mídia e à atitude autoritária da reitoria, como se restassem apenas como alternativas o caos ou a ordem imposta – e é aí que a reitoria entra em cena – acompanhada da tropa de choque.

O que não se pode negar, de qualquer forma, é que a ocupação – e o barulho causado por ela – foram os responsáveis pela mobilização de praticamente toda a universidade em torno do tema. A verdade é que a maioria dos estudantes e professores, nos últimos meses, não buscou se interar das discussões e do andamento das propostas de redesenho e somente agora, com a ocupação, a tropa de choque e o prazo a expirar, por fim se mobilizaram e estão procurando discutir a questão em reuniões, a fim de esclarecer as dúvidas e abrir espaço para novas propostas e moções contra a atitude autoritária da reitoria – atualmente sob o comando de Maura Véras –, cuja renovação se dará também no próximo ano.

Este texto foi publicado originalmente no Correio da Cidadania, em 29 de novembro de 2007. Disponível em:

Tropa de Elite, Luciano Huck, Ferréz e a polêmica acerca da violência

O texto a seguir foi escrito em meio às discussões sobre violência, suscitadas pelo fenômeno cinematográfico Tropa de Elite, e aborda mais especificamente a polêmica que invadiu as páginas do jornal Folha de S.Paulo após Luciano Huck ter seu Rolex roubado. O apresentador global escreveu um artigo, que foi contestado por outro posterior elaborado por Ferréz, escritor da periferia. O que fiz foi uma síntese disso tudo, mostrando o que penso a respeito.

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“Grande mídia”: a verdadeira tropa da elite

Logo no primeiro dia deste mês de outubro, o jornal Folha de S.Paulo publicou um artigo fruto da indignação do apresentador global Luciano Huck. Ele estava horrorizado, coitado. Havia acabado de perder o seu Rolex em um assalto. Aproximadamente uma semana depois, veio a resposta da periferia. O rapper e escritor Ferréz, em artigo publicado pelo mesmo jornal, tentou mostrar a face humana do assaltante, chamado por ele de “correria”. Embora a intenção de se contrapor veementemente à posição elitista de Huck seja louvável, Ferréz acabou, por meio de seu desabafo impulsivo, errando a mão. E deu um tiro não só em seu próprio pé mas no de muitas outras pessoas.

Boa parte da imprensa aproveitou a brecha para acusar todos os defensores dos direitos humanos e de uma visão sociológica do crime de fazerem apologia ao mesmo. De acordo com ela e com o nosso querido apresentador, o certo seria chamar a tal tropa de elite – cruel e desumana como a do filme –, pois isso, sim, seria tratar segurança pública de maneira séria. Aproveitou-se, também, para vender a idéia de que ter muito dinheiro em um país vergonhosamente injusto – desde que se paguem os impostos em dia – nada tem a ver com a desigualdade social e, muito menos, com a criminalidade. Curioso foi o fato de a seriedade com que o assunto foi tratado não transcender o revanchismo, pois o que mais sugere Luciano Huck além de repressão? Em algum momento ele se questionou acerca da origem da criminalidade ou de como fazer para que esta triste manifestação da degradação humana deixe efetiva e definitivamente de acontecer?

Luciano Huck tem todo o direito de dizer o que lhe der na telha. E Ferréz também. A nossa democracia garante isso. O que ela ainda não garante e é o que há de mais cruel nessa “ditadura midiática” em que vivemos é que todos têm o direito de falar, mas poucos, o de ser ouvido. E a esse filtro costuma-se dar o nome de “grande mídia”. O que Huck e sua tropa não têm é outra coisa, chama-se legitimidade. Como bem questionou o “correria” de Ferréz, como pode alguém levar no pulso algo que proporcionaria moradia para muitos seres humanos abandonados ao relento? E o que Huck tem a dizer dos roubos praticados contra o povo brasileiro com a proteção da lei – e de boa parte dos “neo-indignados” de plantão –, como a Desvinculação de Receitas da União (DRU), o pagamento dos juros da dívida pública, as privatizações do patrimônio nacional, entre tantas outras medidas que perpetuam as desigualdades e os conflitos sociais?

Em tempos de valorização do chamado “marketing pessoal”, ter uma ONG não basta. Ter status de socialmente responsável – ou fazer algo para poder repousar um pouco mais tranqüilamente a cabeça no travesseiro – não é suficiente. É oportunismo. A garotada da entidade de Luciano Huck é preparada para ingressar no mercado de trabalho, buscar ascensão social e tornar-se bem-sucedida, como o apresentador. Se não conseguirem, as crianças estarão preparadas, também, para aceitar que a culpa é tão-somente delas mesmas e de sua própria incompetência. E sempre haverá crianças carentes necessitadas de projetos assistencialistas como o de Huck, uma vez que eles não as habilitam a refletir de maneira consciente, independente e crítica, ou seja, não as emancipam.

Só há ricos porque existem também os pobres. É óbvio. Não se trata de fazer apologia ao crime, mas de colocar as coisas em seu devido lugar. Não duvido da competência profissional de Huck, assim como não vejo motivos para a desproporção de seu salário em relação ao de um bom professor, por exemplo. Todos os que optaram por uma vida com recursos que destoam daqueles de que o conjunto da população dispõe e do racional e humanamente aceitável têm, sim, responsabilidade pela criminalidade. E devem estar cientes disso. Mas o “rolo” em torno do Rolex não foi justo, como afirmou Ferréz. Vivemos em um sistema injusto e, conseqüentemente, as relações dele provenientes são igualmente injustas. Não é aceitável que alguém seja sentenciado, por não vislumbrar outra saída, a cometer crimes para sobreviver. Assim como não é possível tolerar que vidas sejam colocadas em risco por conta disso.

No momento em que houver verdadeiramente igualdade de oportunidades e eqüidade dos resultados obtidos com o trabalho de cada um, poderemos então dizer que o criminoso pratica ações reprováveis porque assim deseja ou porque assim escolheu. Enquanto esse momento não chega, a questão continua sendo muito mais complexa. Com direito também a crimes do colarinho branco e morte de pessoas humildes, acontecimentos que, não raramente, passam um pouco mais distantes da mira da tropa da elite.

Este texto foi publicado originalmente no Correio da Cidadania, em 16 de outubro de 2007. Disponível em:

O livro didático revolucionário

O texto abaixo, publicado no Correio da Cidadania em 3 de outubro de 2007, é uma resposta indignada aos grandes meios de comunicação que, comandados por Ali Kamel (das Organizações Globo), promoveram a desmoralização pública do professor Mario Schmidt e de seu trabalho. No caso, trata-se da coleção Nova História Crítica, que foi caracterizada como uma espécie de “panfleto comunista”. Em seguida, coloquei quatro comentários feitos por leitores do site, dos quais dois são professores de história. Aliás, o feedback foi ótimo. Recebi muitas mensagens de apoio, inclusive do diretor editorial da Nova Geração, o grande Arnaldo Saraiva.

O livro é revolucionário em todos os sentidos, mas não manipula ninguém. Do design à linguagem, o livro revolucionou o mercado editorial, conseguiu se inserir no mundo de crianças e adolescentes e cativou também professores de história dos quatro cantos do país. O autor e a editora Nova Geração merecem parabéns, e não um veto do MEC, como aconteceu.

Eu estudei, nas 7ª e 8ª séries, com os livros de Mario Schmidt e, por isso, tenho credenciais para falar sobre eles. Ao contrário de alguns jornalistas irresponsáveis que andam escrevendo besteiras por aí...

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A “Nova História Crítica” e a crítica da velha elite

Em um artigo repugnante – que mais parecia um choramingo direitista – publicado no jornal O Globo (18/9/2007), Ali Kamel dedicou-se a atacar o livro Nova História Crítica – 8ª série, de Mario Schmidt. Retirou do contexto uma série de trechos, classificados por ele como “os piores”. Um deles apresentava um quadro comparativo entre o capitalismo e o ideal marxista. O quadro, muito bem elaborado pelo professor Mario e execrado pelo jornalista, mostra também o que aconteceu no chamado “socialismo real”, sem poupar críticas. Pequeno detalhe que o jornalista global “esqueceu” – ou omitiu para poder, assim, apresentar o livro como uma cartilha marxista para doutrinar criancinhas inocentes. A verdade às vezes dói, e a apresentação integral do quadro, por si só, esvaziaria as acusações apaixonadas feitas por Kamel.

As Organizações Globo – corretamente criticadas no livro por seu histórico de manipulações políticas – não deixaram barato e pressionaram o Ministério da Educação (MEC), que veio a público anunciar que já havia vetado a participação da obra no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), que oferece ao professor de escola pública uma lista de livros para que este adote o que considerar melhor, ficando o governo responsável pela compra e distribuição. Cerca de 50 mil professores de todo o país, das redes pública e privada, já escolheram a coleção Nova História Crítica, tornando-a um verdadeiro sucesso editorial. A atitude do MEC, ao reprovar a obra em sua avaliação, atentou contra todos os princípios de liberdade: a de escolha, a de expressão e, sobretudo, a de se poder aprender e refletir sobre os acontecimentos históricos de maneira independente e crítica, indo muito além da “decoreba” de nomes e datas importantes – como querem os defensores desse obsoleto modelo tradicional.

Após O Globo trazer a polêmica acerca do livro à tona, os outros grandes jornais, como Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, endossaram as críticas de Ali Kamel. Supostamente em nome da verdade e da liberdade, esses veículos repetiram os trechos apresentados por Kamel e, de maneira irresponsável, desqualificaram um valoroso trabalho. O modo superficial e manipulador com que a questão foi tratada é assustador. Os meios de comunicação já citados apontaram erros de português no livro, que podem até existir, um aqui e outro acolá; erros que vez por outra também freqüentam as páginas desses mesmos jornais. Entretanto, erros de português podem ser corrigidos em uma próxima edição. O que mais chama a atenção é a coragem de, sem uma leitura integral prévia, os jornais acusarem o livro de conter erros conceituais, o que é uma mentira daquelas que só se consegue contar quando se tem uma enorme cara-de-pau ou um sangue demasiado frio.

Ah, a liberdade. Fundamento tão citado como a principal qualidade da sociedade capitalista. Mas que liberdade é essa senão a plena liberdade de se calar e obedecer às predeterminações da fraterna e intuitiva elite política e econômica? Pois é. A elite determina, o povo cumpre e a roda da história continua a girar. É assim que prega a hipócrita e pretensamente democrática cartilha liberal burguesa. Atender ao predeterminado, ser conivente com a sociedade injusta que aí está é ser imparcial; desafiá-la, julgá-la ou mesmo colocá-la sob uma simples análise crítica é ir contra a democracia, é ser tendencioso. E foi exatamente assim que aconteceu no caso do livro do professor Mario. (Que previsíveis se tornaram os burgueses... Onde estará a criatividade capitalista, geralmente atribuída à premissa – um tanto desumana – da competição?)

A obra em questão é extremamente didática – ao contrário do que disse a Folha de S.Paulo em editorial chamado “A lata de lixo da História” (20/9/2007). Contém charges, gráficos, ilustrações e outros recursos que facilitam a compreensão do período estudado e que dificilmente são vistos em outros livros. E, o que é mais importante, não há nele a pretensão de ser o dono da verdade. É com humildade que Mario Schmidt escreve, logo nas primeiras páginas, que o livro poderia ter sido escrito de outra maneira, tão válida quanto a dele. E deixa o alerta: “Por isso, nunca se esqueça de que duvidar e questionar são atividades muito saudáveis”. Se os jornalistas envolvidos nas matérias e editoriais sobre Nova História Crítica tivessem se dado ao trabalho de ler – ao menos – as suas dez primeiras páginas, certamente teriam aprendido muito. E, quem sabe, escrito muito menos bobagens.

Este texto foi publicado originalmente no Correio da Cidadania, em 3 de outubro de 2007. Disponível em:
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/939/

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“Quero registrar que compartilho da mesma revolta do autor desse artigo. Tive o privilégio de estudar com esse livro da 6ª à 8ª série e hoje faço faculdade de História. Bom saber que um simples livro didático tem incomodado tanto...”

Clara Couto

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“Grandioso o comentário de Max Luiz Gimenes sobre o veto ao livro Nova História Crítica. Eu, como uma das educadoras que sugeriu a adoção do mesmo na escola em que atuo, sinto-me menos angustiada ao saber que nem todos estão cegos e inertes com relação a uma questão tão absurda e abusiva como esta!”

Joelma Martins

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“Esse livro é o melhor livro de História com que já estudei. Esse senhor da Globo não pode fugir do passado dessa organização manipuladora. Me admira o que o MEC fez - onde está a democracia?”

Sandra Cristina de Oliveira Benita

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“Atualmente, não estou trabalhando com essa coleção, mas já o fiz com outros livros de Mário Schmidt. Acho-os muito bons e faço questão de tê-los em casa e utilizá-los sempre que preciso. Certamente, a decisão de retirá-los do PNLD foi tomada sem que se tenha feito uma análise da obra. É mais uma prova de que somos governados pelos interesses dos poderosos.”

Sônia A. Duarte

Aquele tal de movimento "Cansei"

Os dois textos abaixo são sobre o Cansei, movimento que felizmente não vingou, e sobre o qual quase não se fala mais atualmente. Mas, mesmo assim, faço questão de postá-los, pois a onda pode voltar. O primeiro é uma carta, publicada no Painel do Leitor do jornal Folha de S.Paulo em 5 de agosto de 2007. A divulgação da minha indignação na Folha animou-me a escrever algo maior, e o segundo texto é justamente esse algo maior, um artigo publicado no Correio da Cidadania em 29 de agosto de 2007.

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Folha de S.Paulo - Painel do leitor - São Paulo, domingo, 5 de agosto de 2007

Não cansei, enchi o saco. Enchi o saco de ver pessoas dormindo na rua, passando fome, sede ou frio; de ver crianças e idosos nas ruas, abandonados, sem educação ou saúde; de assistir a seres humanos privados da mínima dignidade bem debaixo do nariz daqueles que hoje, com uma hipocrisia sem tamanho, tentam se vender como "indignados". Cansados estão os negros, os índios, os homossexuais e todos os outros grupos historicamente discriminados e excluídos. Enchi o saco de ler cartas de sujeitos da classe média que ousam achar que sustentam o Brasil. É com o suor e o sangue do povo que este país sobrevive. A injustiça está em alguns terem muito, e outros não terem nada. Se as elites não querem pagar mais impostos que o restante da população, por que não se distribui a renda de maneira igualitária? Aposto que muitos necessitados trocariam uma vida de miséria isenta de impostos por uma vida em condições dignas - ainda que o Leão lhes dê uma bela mordida. Eis que surge o movimento "Enchi o saco", em oposição ao "Cansei" e ao "Cansamos".

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Não cansei, enchi o saco

Após anos de corrupção e de uma política aeroportuária desleixada, não foi sem surpresa que o Brasil recebeu, na última semana de julho, o lançamento do “Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros” – o famigerado “Cansei”. O movimento pretende-se “apartidário”, mas as circunstâncias acabam impedindo que essa inverdade se prolifere, e a pergunta que não quer calar é: onde estavam os “cansados” em tempos de crise do governo FHC? – mas, ainda que essa pergunta quisesse ser calada, não encontraria resposta plausível. Dizem que a população está deixando o comodismo. Dizem até que é melhor revoltar-se tarde do que nunca. Lorota. As verdadeiras razões estão bem guardadas, talvez em cofres de bancos na Suíça.

Dirigido pela OAB-SP e com o apoio de vários setores a serviço da elite – como FIESP, FEBRABAN e outros – o movimento ganhou força ao se aproveitar, de maneira baixa e oportunista, do caos aéreo que tem assolado o país. Até o mensalão foi tirado do baú conservador. (Hoje, certamente, o lulo-petismo se arrepende profundamente por não ter inventado um nome criativo para a compulsiva corrupção tucana, pois “corrupção” e “roubalheira” são palavras muito genéricas.) Sem respeitar o sentimento dos envolvidos na tragédia, a direita “rebelde” aproveitou o acidente da TAM para realizar o marketing de seu movimento. Muitos, de maneira inocente, caíram nessa ladainha, como se cai no golpe do bilhete premiado, e engrossaram as fileiras do “Cansei”.

Como era de se esperar, a reação do PT não demorou a acontecer. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que por muitos anos foi exemplo de luta e independência dos trabalhadores, transformou-se em guarda particular do presidente e foi quem assumiu a missão de se contrapor ao “Cansei”. Para tanto, lançaram o “Cansamos”, que, sem dúvida, soa melhor devido ao companheirismo sugerido pelo verbo no plural, mas que não vai além do marketing.

Aliás, a qualidade da propaganda petista tem evoluído à medida que a identidade política do partido se perde; já a direita, que parece não aprender, peca também pelo individualismo do nome-fantasia de sua articulação. As bandeiras do “Cansamos”, é verdade também, possuem um rótulo mais humanitário. Evocam, por exemplo, o “cansaço” em relação aos trabalhos escravo e infantil. Mas, contra isso, palavras não bastam e o governo Lula já mostrou de que lado da trincheira está ao dar aos usineiros – que em grande parte praticam o chamado “trabalho análogo à escravidão” – o status de “heróis”. O pior cego é aquele que não quer ver e, contra fatos, não há argumentos.

Para romper essa falsa polarização que tem ocorrido desde as últimas eleições é que surgiu a idéia de um movimento independente, o “Enchi o saco”. Não há eufemismo que atenue as injustiças que envolvem o Brasil. A intenção é mostrar que estamos cansados, sim, e faz tempo. Um de nossos objetivos é desmascarar o debate vazio que tomou conta da pauta de discussões na sociedade. Este é um chamado para que aqueles que, há anos, resistem bravamente não sejam ludibriados por nenhum dos lados desse debate inócuo.

Enchemos o saco da corrupção do governo Lula assim como já estávamos cheios da improbidade tucana. Enchemos o saco da política neoliberal – iniciada por Collor, aprofundada por FHC e continuada por Lula – que há anos tenta diminuir o papel social de um Estado que deveria controlar efetivamente o setor aéreo, sem deixar que empresas privadas arrisquem vidas a fim de garantir lucros cada vez maiores. Enchemos o saco da elite e da classe média aspirante à elite, que ignoram a miséria que está presente em grande parte da população.

Estamos cansados, é verdade, mas não a ponto de deixar de ocupar universidades, realizar greves e paralisações, ir às ruas em passeatas ou manifestações por um mundo mais justo. Continuar na luta em CAs, DCEs, partidos políticos e sindicatos combativos, entre outros movimentos sociais, é o que é preciso ser feito. O resto é conversa mole.

Este texto foi publicado originalmente no Correio da Cidadania, em 29 de agosto de 2007. Disponível em:

Metrô: A extensão das linhas não aumenta, mas a passagem...

Como sabemos, a prioridade do governo paulista, há quase 14 anos na mão da tucanada, não é promover um transporte público acessível e de qualidade para todos. É coerente que o PSDB e o DEM (ex-PFL), como representantes da elite, governem para quem anda apenas de carro. Mas não suporto vê-los tentando posar de benfeitores para os pobres. Se não estão nem aí para a população carente, sejam sinceros. Não se deve mentir. É feio.

O objetivo aqui não é escrever um artigo sobre o novo aumento da passagem do Metrô e dos trens da CPTM, mas postar um que escrevi em outubro de 2006 para o jornal Socialismo Revolucionário, na época, contra o aumento das tarifas de ônibus na cidade, que foi acompanhado por uma elevação da tarifa do Metrô e da CPTM. Eu tive o privilégio de participar do Movimento Passe Livre (MPL) e, por isso, acabei me envolvendo bastante com a questão.

Os perigos das PPPs (Parcerias Público-Privadas) foram citados, mas eu não imaginava que elas causariam a morte de 7 pessoas, como aconteceu após a abertura da cratera em Pinheiros, provocada devido – entre outros fatores – aos materiais vagabundos utilizados para baratear o custo da obra e garantir os lucros dos empreiteiros.

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Barrar o aumento das passagens do transporte em São Paulo

No último dia 16 de novembro [de 2006], os paulistanos receberam a péssima notícia, anunciada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), de que a tarifa vai aumentar no dia 28 de novembro, passando dos atuais R$ 2,00 para R$ 2,30. Este aumento é tão descabido que supera o dobro da inflação medida desde o último reajuste, em março de 2005. Enquanto o aumento da inflação, segundo o IPCA, foi de 6,9%, a passagem subiu 15%. Caso a tarifa tivesse aumentado de acordo com a variação do IPCA desde julho de 1994, ela custaria R$ 1,52 hoje.

A prefeitura de São Paulo argumenta que, mesmo com o reajuste da tarifa, a SPTrans – órgão municipal que gerencia o sistema de transporte coletivo da cidade – vai arrecadar menos do que gasta para operar o sistema, tendo um déficit mensal próximo a R$ 17 milhões. Essa é a desculpa para dar prosseguimento ao sucateamento do transporte público, com corte de linhas, diminuição da frota e outras formas esdrúxulas de diminuição de gastos, porém sem fechar a torneira de lucros dos empresários do setor, verdadeira causa do “rombo” no nosso sistema municipal de transporte.

Outro grave problema do aumento da passagem de ônibus é que ele traz consigo o aumento da passagem de trens e do metrô, hoje interligados pelo bilhete único.O tucanato gostaria que o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), elevasse a tarifa para R$ 2,60, evitando assim um desgaste do futuro governador José Serra (PSDB) no início de seu mandato. Esse plano faria com que a população pagasse desde já por um aumento que os próprios técnicos capitalistas avaliam ser necessário apenas para o meio do ano seguinte! Pode ser, também, que essa seja uma estratégia para assustar a população e depois “aliviá-la” com um aumento menor.
Atualmente, a integração do bilhete único (que permite até três viagens de ônibus e uma de metrô ou trem) custa R$ 3. No dia 28, vai passar a R$ 3,30 e, com o aumento do metrô, deve chegar a R$ 3,50.

A tendência é que os aumentos continuem, pois a linha 4 do metrô vive um processo de semi-privatização por parte do governo de São Paulo, através das PPPs (parcerias público-privadas). Essas parcerias são um verdadeiro saque aos cofres públicos: primeiro o governo concede a exploração da linha à iniciativa privada por cerca de trinta anos, depois ele financia os gastos dessas empresas via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e, por último, garante que, caso o número de passageiros seja menor do que o esperado no contrato, o governo pagará a diferença aos empresários. Grosso modo, as PPPs “estatizam” as despesas e “privatizam” os lucros. Sem falar, é claro, na perda de qualidade do sistema e das condições de trabalho dos metroviários, bem como a diminuição dos salários destes trabalhadores, visto que a prioridade absoluta será o lucro.

É necessário que a sociedade se organize e impulsione uma mobilização para barrar este aumento absurdo. Para isso, precisamos ter clareza sobre onde está a raiz do problema. O transporte público já é pago indiretamente através de impostos, assim como saúde e educação. Impedir que a tarifa aumente deve ser apenas um passo rumo à gratuidade da mesma. Devemos inverter a concepção mercadológica do sistema de transporte atual, tornando-o público de verdade, para garantir o direito de ir e vir da população. Entretanto, isso não será possível enquanto o lucro das empresas estiver acima das necessidades do cidadão. É preciso lutar incessantemente pela municipalização dos transportes em São Paulo e em todo o Brasil e aproveitar este momento de sensibilidade e indignação da população para garantir que o aumento não entre em vigor. Assim, mostraremos que o povo unido é forte e capaz de muito mais, desde que se organize e resista.

Muitas cidades importantes conseguiram barrar o aumento através da luta, sendo a mais famosa a Revolta da Catraca, na cidade de Florianópolis, que barrou o aumento em 2004 e em 2005. Com estes triunfos em vista, diversos movimentos sociais estão se organizando de forma conjunta em plenárias e comissões para promover atos e panfletagens com o lema: ”Se a tarifa aumentar, a cidade vai parar!”. É com esta convicção que chamamos a todos os companheiros e companheiras para a luta contra essa medida abusiva da prefeitura da Cidade de São Paulo!

Este texto foi publicado originalmente no jornal Socialismo Revolucionário n° 40, de novembro/dezembro de 2006.
Disponível em:

http://www.sr-cio.org/texto/juventude/aumento_passagem_sp_sr40.html

domingo, 16 de março de 2008

Max por ele mesmo

O texto abaixo foi escrito por mim em 1º de agosto de 2006. Em uma aula na Educafro (cursinho comunitário no qual ainda hoje sou voluntário, embora um pouco afastado), o professor Agildo pediu a todos que escrevessem uma redação respondendo à pergunta: "Quem sou eu?". O resultado segue abaixo, para quem quiser começar a entender um pouco mais desse tal de Max.

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Quem sou eu?

Chamam-me de Max, e isto não é apelido. De fato, meu nome é Max Luiz Gimenes, mas acho que apenas isso a meu respeito não diz nada. O que seria relevante, então? Sou alto, magro, olhos e cabelos castanho-claros – embora alguns insistam em dizer que sou loiro. Porém, ainda assim sinto que isto não diz nada, uma vez que são apenas informações estéticas e, com certeza, não são as mais importantes.

Passemos a uma ótica diferente, observada a ineficácia do primeiro ponto de vista. Gosto muito de leitura, de jornais a clássicos da literatura, e, em conseqüência, tenho a escrita como paixão peculiar. Adoro ouvir música, do rock rebelde à culta MPB. Mas não toco instrumentos – por falta de habilidade, mas não de tentativa – e contento-me com as letras que às vezes escrevo, que, boas ou más, expressam o meu mais profundo sentimento.

Progredimos, é verdade, mas isto ainda soa insuficiente e seria inútil querer complementá-lo descrevendo o estilo que adoto para me vestir, pois ele varia, assim como o restante de meus gostos, com certa pitada de ecletismo – mas isso não se deve à moda; se não sigo um estilo à risca, é acima de tudo para preservar minha liberdade. Nego-me, contudo, a discorrer acerca de tais frivolidades.

Avançaremos agora para o que é, ou pelo menos deveria ser, o mais importante: os ideais. Exatamente aquilo que se esconde em nosso interior e freqüentemente é relegado a segundo plano ou ignorado por completo. Talvez por modéstia ou carência de observação, vou explicitá-los de forma concisa: acredito, acima de tudo, na sinceridade, pois esta é a base de todos os meus outros sentimentos. Defendo a igualdade e a fraternidade, como prova de minha responsabilidade enquanto ser humano – e racional. De uma forma ou de outra, já está decidido, é pela verdadeira justiça que entregarei minha vida à sociedade.

Agora me parece razoável, muito embora um punhado de linhas seja um espaço bastante estreito, haja vista a imensidão e profundidade de meus ideais.