sexta-feira, 11 de junho de 2010

Profissão polemista


O polemista profissional Luiz Felipe Pondé conseguiu se superar em sua coluna semanal de absurdos publicada no jornal Folha de S.Paulo. A tática é tão simples quanto antiga: disparar ofensas contra tudo e contra todos. Na verdade, contra quase tudo e quase todos.

Ele tenta postular-se como um verdadeiro cético, pois, aparentando estar desprovido de ideologias, assim crê dispor de legitimidade para criticá-las. Ele não teria, de acordo com o que diz, ideais ou esperanças. E emenda: “E suspeito de quem queira me dar uma [esperança]”. Eu, por meu turno, suspeito justamente quando alguém vem com esse papo furado de não ter ideal – porque das duas uma: ou ele tem mas não sabe que tem (ingênuo) ou ele tem e está escondendo (mau-caráter).

Em seu texto desta semana, “Sem esperanças”, há vários trechos que me fariam escrever linhas e mais linhas como réplica (justamente o que ele busca e o que o faz continuar na Folha, mesmo depois das mudanças editorias pelas quais o jornal passou no último período e sobre as quais eu ainda vou escrever neste blogue).

Bom, deixando de lado o machismo perceptivelmente forçado, é possível encontrar no texto coisas como esta: “Não saio para jantar com gente que quer mudar o mundo e que tem ideais. Prefiro as que perdem a hora no dia que decidem salvar o mundo ou as que trocam seus ideais por um carro novo.”

O que Pondé tenta vender como ousadia inovadora (e, por que não dizer, revolucionária) tem nome: quem não quer mudar o mundo, mas conservá-lo como está, é conservador e está à direita na arena política. Por que ele participaria do debate político se não tem ideal? "Participo do debate público pra atrapalhar a vida de quem quer mudar o mundo ou de quem tem ideais".

Ou seja, Pondé tem lado e sabe disso. E, digamos, não é o mais humano e fraterno deles. É o lado da elite, dos banqueiros, empresários, ruralistas e milhões de etc. Porque destes eu nunca vi o incendiário colunista falar mal.

“Pergunto-me por que não proíbem professores de pregar o marxismo e toda a bobagem da luta de classes.” Uma coisa é um conservador sério como o professor de Filosofia da USP José Arthur Giannotti, que ao menos reconhece a importância do pensador Marx. Outra, sensivelmente diferente, é o sensacionalismo comercial do Pondé. Mas quanta petulância!