domingo, 13 de fevereiro de 2011

O inevitável xeque-mate

O quase despejado Cine Belas Artes promoveu, no mês passado, uma maratona com exibição especial de “clássicos” e “cults”, da qual eu infelizmente não pude desfrutar integralmente.

Mas, entre outros, assisti a “O Sétimo Selo”, do aclamado e recentemente falecido cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007), depois de muito ouvir falar dele e desse seu filme, no qual acontece a clássica partida de xadrez entre o protagonista e a Morte, coadjuvante implacável na história de todos que vêm a este mundo.


O filme eu veria de novo (em verdade, verei) várias vezes. Antes disso, escrever sobre ele seria imprudente. Mas, tendo em vista que não jogo xadrez nada bem, ao menos não tão bem a ponto de postergar o xeque-mate da Morte por um tempo razoavelmente longo, também não me é recomendável guardar minhas impressões para a próxima rodada, que na realidade pode nem acontecer.

Admirável metáfora da vida, que poderia então ser entendida como o tempo que ganhamos ao desafiar a morte neste jogo que é viver. Por melhores jogadores que sejamos, dela ninguém escapa. A vida é o intervalo que existe entre o início da partida e o inevitável xeque-mate da Morte.


PS: Como já registrei no Twitter à época, se o Cine Belas Artes não fosse fechar eu sugeriria a substituição do redator de sinopses das programações, porque a referente à maratona acima citada continha conflitos gritantes com relação ao enredo dos filmes. No caso de “O Sétimo Selo”, invertia o desafio, atribuindo-o à Morte, e não ao cavaleiro, como parece evidente a qualquer um que porventura assista ao filme.