domingo, 29 de agosto de 2010

O "caráter errático" da campanha tucana




Para arrematar, deixo aqui as palavras do ex-tucano Vladimir Safatle, professor do departamento de Filosofia da USP, em artigo recente publicado na Folha:

"Nesse sentido, o caráter errático de sua campanha [do PSDB] não é apenas um traço de seu caráter ou um problema de cálculo de marketing. Trata-se do capítulo final da dissolução ideológica de uma sigla que só teria alguma chance se tivesse ensaiado algo que o PS francês tenta hoje: reorientação programática a partir de um discurso mais voltado à esquerda e (algo que nunca um tucano terá a coragem de fazer) autocrítica em relação a erros do passado."

Pois é. Sabemos que o "caráter errático" de que fala o professor nada tem a ver com os cacófatos do "Serra comedor". Trata-se apenas de uma engraçada coincidência.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Debate Folha/UOL: o dito e o não dito

Como assinante da Folha, eu havia me inscrito para assistir, da plateia, o debate entre os três presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas. A minha intenção era fazer uma cobertura crítica do evento, que por critérios arbitrários dos organizadores ocorreria sem o candidato Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL.

O texto que eu pretendia escrever eu sequer terminei, porque um fato inesperado mudou tudo e tirou a minha atenção.

Fui convidado para um entrevista e aceitei. Pensei que era para a Folha. Depois descobri que gravariam um vídeo para o UOL. Tudo bem, sem problemas. Mas... surpresa: a pouquíssimos minutos de acabar o bloco do momento, o repórter @msneves me disse que entraríamos ao vivo naquele intervalo. Eu, que estava tentando imaginar o que diria, fiquei completamente sem reação. Mas não deixei de encarar as câmeras para falar da ausência de Plínio. As coisas saíram muito diferente do que eu gostaria, porém é tarde demais para chorar o leite derramado. Logo após a entrevista, no entanto, eu já havia esboçado na minha cabeça o que eu deveria ter dito (abaixo). Afinal, eu tinha mais de 140 caracteres. E poderia ter ido muito além.

"É impossível comentar a repercussão do debate na internet e, em especial, no Twitter sem citar a frustração geral que ocasionou a não-participação do candidato Plínio de Arruda Sampaio. A Marina, provavelmente alertada por seus assessores, resolveu sair da defensiva e ocupou o 'vácuo crítico' deixado por Plínio. Não sem surpresa foi parar na lista dos 'trending topics' mundiais do Twitter. Até o FHC foi parar nos TTs, enquanto o Serra, coitado, nem apareceu. A propósito, se o debate da Folha fosse utilizar a lista de tópicos mais comentados do Twitter como critério para convidar os candidatos, certamente os três presentes seriam Marina, Dilma e Plínio. Quem ficaria de fora seria o Serra. Mas, de qualquer forma, o debate foi acompanhado por todos os internautas, inclusive pelo candidato Plínio, que comentou por meio de webcam. E, ao contrário do que disse Fernando Rodrigues, o tag #debatefolhauol chegou a ocupar por bastante tempo o terceiro lugar na lista de TTs. Se chegou a ficar em primeiro, foi apenas durante um piscar de olhos. No topo, estava a Marina. E seria o Plínio caso ele estivesse participando."

Ah, se eu pudesse voltar no tempo...

Não posso. E a vida continua. Ainda há muito por fazer.

sábado, 14 de agosto de 2010

Quando a esmola é demais, o santo desconfia

A Folha deixou de ignorar o candidato do PSOL à Presidência da República, Plínio de Arruda Sampaio, e lhe destinou quase uma página inteira pelo segundo dia seguido. Achou democrático? Então preste atenção aos detalhes:

Imagine a forma mais imprudente de abordar tudo o que pode haver de mais polêmico com relação a uma candidatura. Imagine a publicação, sem o devido aprofundamento das discussões, de tudo o que pode chocar o senso comum. Pronto, você imaginou a matéria da Folha de hoje (a de ontem havia sido bem mais condescendente, digamos assim). O título já escancara que Plínio defende a "legalização da maconha". No subtítulo, aspas de Plínio perguntando que "mal faz um baseado". Depois, o jornal joga na roda a contradição entre a posição de Plínio contra a existência do Senado e a suposta bronca que o PSOL lhe teria dado pelo fato de o partido lançar postulantes ao cargo. Para arrematar, uma "investigação" que revelaria uma suposta incoerência existente no fato de um socialista defender a taxação de grandes fotunas e ao mesmo tempo ter patrimônio de cerca de R$ 2 milhões. Eles gostam de endinheirados como Eike Batista, que quanto mais tem mais quer, independentemente de qualquer coisa. (Neste caso, de qualquer coisa mesmo.)

A imprensa não é neutra, sabe-se. Mas alguns veículos são tendenciosos demais.

(Ah, em tempo: na edição de hoje da Folha também havia um editorial contra o debate eleitoral centrado na comparação entre os governos Lula e FHC. É claro, não há modo melhor de mostrar que o governo Lula, por menos que tenha feito, saiu-se muito melhor que o tucanato privatista. O pessoal desse jornal não diz, mas vota 45. Ah, vota...)

Lea T, a filha de Toninho Cerezo





Ela nasceu Leandro Cerezo. Sim, Lea T é uma transexual.

Desde que seu antigo filho, hoje filha, começou a fazer sucesso na Europa (estrelando até uma campanha da Givenchy e posando para a Vogue francesa), o ex-jogador e hoje treinador de futebol Toninho Cerezo foge da imprensa como o diabo da cruz. Reportagem do The Observer, reproduzida na semana passada por CartaCapital, mostra como Cerezo ainda não aceitou muito bem essa história. Sabe como é, parece que a família é muito "católica"...

Lea T é bonita. Mas por que será que ela não pode ser bonita e feliz? Aposto que Jesus, se vivo fosse, também não entenderia.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Show "Chico Buarque - Histórias de Canções" continua



Eu ia começar este post dizendo que estar presente nesse show é como tomar uma cerveja à mesa com Chico Buarque. Mas seria muita pretensão tentar adivinhar como é estar em tal situação. Até porque, apesar de gostar do Chico e de ter lido o livro "Histórias de Canções" (afinal, trabalhei no processo de edição), não me considero lá grande entendedor desse brilhante artista.

Pois bem, mas nada me impede de dizer que assistir a esse belo espetáculo é como passar horas apreciando belas histórias, boa música e, é claro, piadas espirituosas do meu querido amigo Wagner Homem, o inspirado autor da obra, que chega até a mostrar o seu gingado em determinados momentos da apresentação, levantando e dançando na maior. A ideia de transformar o livro em show foi realmente uma grande sacada.

Para quem ainda não conferiu, fica a dica: a temporada no Café Paon (Moema), que ia até o fim de julho, ganhou sobrevida. No sábado 7/8 tem bis. E, para que ninguém se desespere, a próxima temporada será no Teatro Fecap e já tem data marcada, anote aí: fins de semana de 21/22 e 27/28 de agosto. Eu já fui duas vezes e levei comigo algumas pessoas das quais gosto. E não vejo a hora de comparecer de novo, vale mesmo a pena. Para saber mais, acesse o site: http://www.historiasdecancoes.com.br/. (Ou me escreva para irmos juntos quando começar a temporada no Teatro Fecap!).