quarta-feira, 11 de junho de 2008

Suicide Solution

Sobre seres humanos e pombos

É 12 de junho, Dia dos Namorados.
Um rapaz, em pleno meio de uma movimentada avenida, estoura seus próprios miolos.
Um fim rápido, seguro e enigmático.
Todos olham curiosos. Ninguém está nem aí.
Seu corpo tomba, e não é sobre outro corpo.
Seus lábios roçam uma superfície ardente, que não é senão o asfalto cáustico.
Um suspiro ocorre, e não é de prazer. É o último.
O sangue desliza, desvencilha-se daquele corpo já sem vida e, no calor dos acontecimentos, deixa escapar:
O rapaz matara-se por amor.
Ninguém nunca saberia, mas aquele coração que acabara de parar já batera, nos últimos tempos, o suficiente para uma vida toda.
Angústia, melancolia, desespero. Expectativa e frustração. Intensidade.
O Sol, imponente, soluçou, mas não deixou escorrer lágrima.
A Lua, orgulhosa, também engoliu o choro.
E assim o rapaz partiu: sem uma porra de um pranto.
Um casal de pombos, pousado sobre um fio de eletricidade próximo, refletiu sem no entanto entender:
Como consegue o ser humano sofrer por amor?
Os pombinhos é que estavam certos. Amavam e eram felizes
E ainda dizem por aí sermos nós os animais racionais. Bobagem.