domingo, 24 de abril de 2011

A cópia fiel da humanidade

Não tenho por objetivo me alongar aqui a respeito do filme "Cópia fiel", até porque costumo ser sempre bastante honesto declarando logo de cara que entendo bulhufas da (não por isso menos querida) sétima arte. A opinião abaixo, portanto, não obedece a nenhum rigor mais "técnico", digamos assim, ainda que possa ser considerada "crítica" (uma vez que a relação sociedade/cultura/arte tem recebido ultimamente grande parte da atenção dos meus estudos).

Eu poderia simplesmente dizer que "Cópia fiel" é a cópia fiel da vida de todos nós, seres necessitados que somos de fantasia, de fuga da realidade, de experimentação, de aquisição de experiências vitais sem ter necessariamente de vivê-las de modo concreto. O filme tende a causar certo incômodo, é verdade, talvez justamente por nos deixar um pouco nus, ao retirar o véu que muitas vezes deixamos cair sobre necessidades e anseios que buscamos esconder dos constrangimentos impostos pela vida em sociedade.

Afinal, quando deixamos de ser crianças, deixamos também de nos permitir certos exercícios de livre imaginação, que seriam plenamente aceitáveis antes, mas que não estão de acordo com o padrão esperado de adultos bem-resolvidos. Como refúgio a tal limitação, existem as artes, como o cinema e a literatura, nas quais porém somos geralmente influenciados a esperar personagens e situações que, embora frutos da imaginação de alguém, sigam um padrão socialmente aceitável e simplesmente satisfaçam essa nossa necessidade por realidades paralelas, e não que a representem, como faz o filme em questão.

Seja como for, o que eu queria mesmo dizer é que um gesto de ousadia faz toda a diferença.

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