segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O que vi da 34ª Mostra de Cinema de SP (e o que ficou)

A 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo trouxe, como era de se esperar, ótimos (e raros) filmes ao circuito paulistano, só que por um curto período de tempo. Eu, pela correria e desorganização de sempre, quase não assisti a nenhum. Mas acabei vendo um. Uma experiência, digamos, bastante heterodoxa.

Eu cheguei ao cinema sem saber o que viria pela frente (aceitar convites de última hora dá nisso). Esperava, como os amigos que me acompanhavam, um filme que tratasse diretamente da Revolução Mexicana, com direito a Pancho Villa e Emiliano Zapata no roteiro. Não era nada disso.

O filme "Revolución" é uma série de 10 curtas-metragens feitos por 10 grandes cineastas mexicanos (até aí, estava escrito na sinopse), que teriam buscado, por ocasião do centenário da Revolução Mexicana (desencadeada em 1910), algo como um "compêndio de visões do México atual, com o objetivo de encontrar um eco daquele essencial momento da história do país [a tal da Revolução Mexicana]". Estas últimas informações eu viria a tomar conhecimento apenas no decorrer dos 100 minutos de filme.

"Revolución" é, de fato, um filme antropologicamente bastante rico. Traz à tona questões universais, sim, mas quando o faz é por meio de idiossincrasias, de especificidades locais. Não tenho por objetivo aqui falar longamente do conjunto nem de cada curta (até porque entendo muito pouco dessa tal de "sétima arte"). Gostaria, isso sim, de compartilhar a pertinência de um dos filmetes, do qual sequer me recordo o nome, para a decisão de um eleitor às vésperas do segundo turno da eleição presidencial brasileira.

No curta em questão, existia uma atendente de supermercado que não possuía os dois dentes da frente e usava uma espécie de dentadura. Isso a impedia de alcançar o mais elementar de uma realização pessoal -- a impedia de comer em público, de arrumar um namorado. Ao ser convidada para jantar por um pretendente, a moça buscou de alguma maneira conseguir um adiantamento dos patrões e fazer uma cirurgia, mas eles negaram (os caras praticavam pagamento parcialmente em tíquetes para uso na própria loja, uma coisa meio feudal). Ao procurar seus direitos, a pobre moça seria perseguida e demitida, ficando numa situação ainda pior.

A reflexão a que cheguei é muito simples: embora concorde que com o governo Lula as coisas não tenham melhorado como deveriam, e eu acho veementemente isso, ao menos algumas pessoas passaram a ter condições menos indignas de vida. Eu, como militante político de classe média, posso ter minhas convicções e lutar por elas, mas não tenho o direito de ignorar a realidade, até porque não sofro o que sofrem aqueles que estão verdadeiramente à margem desta sociedade capitalista. Muitas pessoas hoje podem sorrir devido aos paliativos do governo federal.

É fato que pouca diferença eu poderia sentir diretamente entre um governo petista ou tucano. Mas, enquanto houver alguma diferença mínima, ainda que sentida apenas por uma parcela mínima da população necessitada, eu optarei pelo menos pior. Afinal, o meu conceito de revolução é plenamente condizente com barriga cheia e dentes na boca.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Wagner Homem lança "Histórias de Canções - Toquinho"

Depois do sucesso do livro e do show "Histórias de Canções - Chico Buarque", o queridíssimo Wagner Homem lança nova obra para a coleção. Jogando luzes desta vez sobre os bastidores das criações de Toquinho, este novo livro conta com a coautoria de João Carlos Pecci, irmão do compositor. Ainda não li, mas certamente o farei após pegar hoje um autógrafo na Livraria Cultura do Shopping Bourbon Pompeia. A julgar pelo anterior, ao menos mantido o padrão, vale a pena. Recomendo.