No mês passado, aconteceu no espaço estudantil de Ciências Sociais e Filosofia da USP o primeiro Sarau Mensal dos estudantes, aberto a todo tipo de manifestação artística, própria ou alheia.
Eu fui e, a propósito do recém-passado Dia dos Namorados, declamei um poema de Manuel Bandeira. Uma "homenagem", assim mesmo, com aspas -- tantas quantas forem possíveis.
Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma,
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Belo Belo, 1948. O poema acima foi extraído de Testamento de Pasárgada, organizado por Ivan Junqueira. A imagem ao lado, retrato a óleo pintado por Candido Portinari, ilustra a capa da antologia.)