***
Matinta, o bruxo, segundo romance do compositor e poeta Paulo César Pinheiro, é fruto do acasalamento de duas das mais belas canções da música popular brasileira, “Matita-perê”, em parceria com Tom Jobim, e “Sagarana”, com João de Aquino.
A narrativa, do hibridismo do enredo das letras, nos leva a cruzar o batente de veredas abertas por João Guimarães Rosa, de quem Paulo César Pinheiro leu a obra ainda menino e o qual viria a se tornar uma referência notável em seu estilo, fartamente temperado com neologismos e bastante sensível ao falar popular.
Por meio do turismo forçado de João, a personagem que nestas páginas nos arrasta junto de si em sua fuga, Paulo César Pinheiro pinta um quadro intenso e expressivo, tanto da paisagem natural como da realidade social a envolver a rusticidade da vida do sertanejo.
Se muitas vezes não há quem olhe por eles, aqui há Matinta, o pássaro bruxo cujo canto místico oferece amparo e orientação até o fim.